Sobre felicidade em tempos de pandemia

83 dias em casa. Sextas à noite sem cinema com o namorado, sábados sem festas com os amigos, domingos sem almoços em família. Segundas, terças, quartas e quintas sem trânsito, sem conversas na universidade, sem idas aos lugares e sem voltas para casa.

No fim das férias, tudo que uma pessoa deseja é mais alguns dias, dias sem obrigações, sem preocupações e com mais tempo para descansar e se divertir. No início da quarentena, para muitas pessoas, o cenário parecia mesmo ser de férias: aulas suspensas por tempo indeterminado, trabalhos em home office e um constante aviso “se proteja: fique em casa”.

No entanto, com o passar do tempo, os dias ficaram todos iguais. Depois de tanto tempo em casa é impossível não se sentir como um piloto automático algumas vezes. E aí é que fica o perigo. O piloto automático nos faz parar de apreciar o momento presente, nos tira a importância dos detalhes e leva embora nossas motivações, nossa alegria e esperança.

Esperança essa que some ainda mais depois de assistir ao jornal e ver as tristes notícias do dia sobre a pandemia. E ler um pouco sobre o cenário político do país? Ah… aí a esperança fica num valor negativo. Com tudo de ruim que está acontecendo no país e no mundo só vem um pensamento à cabeça: “como ser feliz no meio desse caos?”.

É aí que mora o segredo… Ser feliz no meio desse caos significa ter de lembrar que a felicidade pode estar nos pequenos detalhes e nos mais leves momentos, numa notícia animadora, numa videochamada entusiasmada, num fim de tarde colorido, numa comida gostosa e até num filme de contos de fadas da Disney com final feliz.

Ser feliz no meio desse caos significa ajudar o próximo e a si mesmo. Significa imaginar o sol depois de uma tempestade. Significa não largar o restinho de esperança que se escondeu lá dentro do peito. Significa ser resiliente e forte, mas desabar no choro às vezes. Significa saber que já se foram 83 dias e ainda virão mais, mas continuar com o pensamento de que tudo isso vai passar.

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